Brian Solis: “As redes sociais tiraram nossa criatividade”

Crédito: Denise Tadei

As redes sociais impactam o cérebro humano? Quais os reflexos das redes sociais no ser humano? E eles são positivos? Após um bloqueio criativo durante o processo de concepção de seu novo livro, Brian Solis passou três anos buscando as respostas para essa pergunta. O antropólogo e futurista da Altimeter apresentou durante o ProXXIma 2019 sua conclusão que sim, as redes sociais influenciam o cérebro humano. E não, esses impactos não são positivos.

“O que nos foi tirado foi a habilidade de ser criativo da forma que eramos. Viver a vida por uma tela faz com que seja muito difícil respirar. Quanto mais eu pesquisava o que estava acontecendo comigo, mais eu percebi que isso foi tudo feito por design”, afirma. O consultor trouxe, também, o relato de Tristan Harris, ex-designer de experiência no Google, que, segundo Solis é tido como um “dedo duro” dentro do Vale do Silício. O fundador do The Center for Humane Techonology indicou, por exemplo, de que formas as redes sociais utilizam técnicas de design para manter o usuário cada vez mais tempo dentro de seus aplicativos.

Essa pesquisa não gerou o livro que Solis pretendia, que deveria ser uma continuação da conversa sobre experiência de uso de consumidores no mundo online, tema já tratado pelo analista em outra publicação. Após a imersão nas perguntas que guiaram o estudo, Brian apresentou os dados no SXSW 2018 e escreveu exatamente sobre os reflexos da tecnologia e das redes sociais em suas vidas.

“Um dos truques que eles usam para manter sua atenção é a mesma que cassinos usam com jogos de azar. Você percebe isso no Instagram, por exemplo, onde, quando você abre o aplicativo, há um milissegundo para ver quantas curtidas você tem. Quando você olha o número, sente que ganhou. Nesse momento, seu corpo cria estimulantes que criam ansiedade e validação”. Esses processos químicos, segundo Brian, “faz com que seu corpo passe a precisar desses estimulantes. Por isso que é tão difícil sair desse círculo”.

Apesar da possível interpretação niilista do estudo, Solis afirma que ser capaz de observar esse processo foi o que permitiu que ele pudesse criar um ambiente digital saudável para si. E ele não saiu das redes sociais ou jogou seu celular fora. “Há valor na tecnologia. Mas hoje sou muito mais consciente com o que está acontecendo por trás do meu uso”, finaliza.

Em PROXXIMA por Salvador Strano

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