Recentemente, assistimos ao vídeo do brilhante ilustrador Steve Cutts, que viralizou pela rede descrevendo o mundo atual de forma cínica, dando “vida”, por meio da animação, à música “Are you lost in the world like me?”, de Moby, um tipo de artista que, com o passar do tempo, só fica melhor, assim como um bom vinho.
Embora seja bem severa com os millennials, a animação evidencia um fato indiscutível: o mundo de hoje se comunica de uma forma inédita na história da humanidade. A globalização, tanto econômica, quanto comercial e cultural, mudou os paradigmas dos relacionamentos e colocou a comunicação como o “Poderoso Chefão” de nossas vidas.
Surgiram novas linguagens, novos símbolos e neologismos que boa parte da geração dos Baby Boomers não entende e talvez nunca entenderá. Porém, o atual mercado está na mão e no bolso do homem digital e é preciso conhecer muito bem as características deste incrível poder de comunicação.
Como então, podemos usar destas peculiaridades no marketing digital?
- Adapte as mensagens ao meio ideal: Marshall McLuhan profetizou há anos sobre a chegada do meio universal, a mídia que resume todas as outras dentro de um único dispositivo. E ela já existe faz tempo: o smartphone. Não adianta criar um vídeo para TV, com linguagem, formato e duração para esse meio, mas veiculá-lo em smartphones. O mobile precisa de uma linguagem própria, com visão e formatos pensados de forma “mobile friendly” desde a criação. A maior parte dos investimentos das marcas é para criar um bom filme. Então, é preciso começar a pensar em se criar bons filmes mobile. Quase 70% do consumo de vídeo digital é feito pelos celulares e é preciso pensar nos formatos verticais. As telas horizontais, antes tão usadas, hoje ficam apenas em frente ao nosso sofá, e estamos utilizando-as cada vez menos.
- “Come spendi, mangi”: a expressão é italiana e significa “você come de acordo com o que gasta”. É um ditado antigo do sul da Itália que ainda tem grande valor. Nos últimos anos, a luta suicida pelo melhor preço prejudicou a criatividade, o lucro e a produtividade de muitas empresas, desde anunciantes, até veículos. Mas, nem sempre fazer bem para a marca significa gastar menos. Valorizar o investimento em uma tecnologia, um formato ou uma solução assertiva, poder dar grandes resultados no longo prazo. “Stay fool”, dizia Steve Jobs. Lembre-se disso quando seu jeans barato rasgar depois de um mês. A corrida das marcas para focar investimentos em campanhas programáticas pode dar grandes resultados em termos de quantidade e cobertura e, provavelmente, vai melhorar as campanhas de performance. Mas, se formos falar de branding, precisamos pensar sempre na qualidade.
- Menos pode ser mais: os cinco sentidos têm sido estimulados de forma excessiva nas campanhas. Adaptamos nossas capacidades sensoriais a um rodízio necessário. Às vezes descansamos os ouvidos, outras vezes os olhos e em outras o tato. Não podemos ficar ligados 100% em todos os momentos. As redes sociais mostram que é sempre possível ter um vídeo onde se utilize menos o áudio, mostrando nossas histórias de forma visual. Os tempos em que o volume da propaganda na TV aumentava automaticamente na hora da publicidade, violentando nossos ouvidos, já foram. Uma imagem comunica muito mais rapidamente do que qualquer palavra ou texto. Todos nós já postamos nas redes sociais um texto profundo e uma selfie boba. E ninguém se surpreende quando a selfie boba ganha mais likes. A imagem tem poder e devemos escolhê-la com cuidado. Na hora de veicular uma peça, ela será a nossa grande “sacada” para chegar bem nos clientes.
- Crie formas para engajar: eu nasci na Itália e quando cheguei ao Brasil, um dos mestres com quem tive a sorte de cruzar pelo meu caminho me falou: “em tempos de crise, tire o ‘S’ e CRIE”. A publicidade digital pode ser muito chata. Hoje, mais do que nunca, precisamos criar experiências lúdicas, inovadoras, que engajem o usuário. Precisar aproveitar as tecnologias, como o 360º, o Javascript, o acelerômetro, as formas híbridas de comunicação desktop/mobile e a gamificação. Crie de forma digital, pensando em tudo digital, na junção e utilização das tecnologias existentes. O anunciante vai te agradecer. E os clientes dele ainda mais.
- Mobile é First Click: last but not least! Recentemente, a consultoria eMarketer publicou uma projeção sobre o ad spending digital no Brasil que indica que, dentro de dois anos, o mobile será quase 80% do ad spending do segmento. Não fique para trás. É preciso entender que o celular é, hoje, uma extensão de nosso corpo e o desktop é mais uma extensão do nosso trabalho. O meio que mais nos pertence e mais nos completa é o smartphone. O mobile precisa ser pensado em 360º. Mobile não é apenas geolocalização ou leads. Mobile é first click. Qualquer funil de conversão começa pela captura da atenção e todos sabemos muito bem onde ela está. Se tiver alguma dúvida, assista ao vídeo do Steve Cutts… Are you lost in the world like me?