As expectativas das agências, para os seus negócios e para o setor de publicidade como um todo, ficaram mais positivas ao final de 2021, numa demonstração de crescente confiança na superação firme e gradual da crise desencadeada pela pandemia da COVID-19, segundo mostra a nova edição da pesquisa VanPro, realizada pelo Sistema SINAPRO/FENAPRO cuja edição atual fecha a aferição realizada em 2021.
Importante termômetro dos negócios e da gestão das agências, a pesquisa mostra que, do ponto de vista financeiro, houve uma melhoria do cenário quanto ao impacto da crise sobre as empresas. Segundo os dados apurados junto a 312 agências de 23 estados e do Distrito Federal, o índice de empresas que relataram aumento de faturamento, comparado a 2020, passou de 26% no início de 2021, para 53% ao final de 2021. Na atual sondagem, apenas 19% das empresas apontaram perda de receita em relação ao ano anterior, e somente 7% apontaram perdas superiores a 30% no faturamento. Na pesquisa realizada no início de 2021, 38% haviam reportado perda no faturamento, sendo que 14% do total tinha perdido mais de 30%.
“Quatro em cada cinco agências mantiveram ou ampliaram seu faturamento em comparação ao ano anterior. Trata-se de um dado que corrobora com a ideia de que o mercado passa por uma boa recuperação e está se recuperando do forte baque causado com o início da pandemia”, afirma Daniel Queiroz, presidente da Fenapro.
A percepção dos entrevistados quanto ao futuro também variou para melhor na comparação à primeira sondagem de 2021. A quantidade de agências que apontou as perspectivas futuras como boas ou muito boas cresceu 10 pontos percentuais, de 57% para 67%. As que apontam como ruim, muito ruim ou de interrupção das atividades diminuiu de 9% para 5%, e o número daquelas que não conseguem prever caiu de 7% para 3%.
Práticas de Gestão
A pesquisa VanPro mostra também que as agências apontaram maior adesão a práticas de gestão mais consolidadas e tradicionais, priorizando aquelas que se referem à empresa, como o planejamento estratégico (63%), planejamento orçamentário (61%) e acompanhamento de indicadores/KPIs (28%). Estes resultados estão próximos dos obtidos na sondagem anterior, que apontavam 65%, 59% e 28%, respectivamente, nessas práticas. A gestão de recursos humanos vem logo em seguida, com destaque para práticas como feedback gerencial (49%), avaliação de desempenho (37%) e programa de remuneração variável (25%). Iniciativas estruturadas de desenvolvimento, seja como uma sequência ou não das práticas de feedback e avaliação, mantiveram-se em terceiro lugar, com adesão aos planos de desenvolvimento individual (22%), programas de desenvolvimento gerencial e de liderança (17%) e programas de mentoria interna (15%).
Práticas mais ousadas e que auxiliam no processo de inovação, como a gestão ágil (20%), OKRs (Objectives and Key Results) (14%), Design Sprint (7%) e colegiados de inovação (3%), estão conquistando mais espaço na pauta atribulada dos empresários e executivos de agências. Geralmente muito focados no dia a dia e nas entregas, eles também começam a atuar com técnicas e métodos que visam melhorar cada vez mais as entregas e a relação de relevância com seus clientes.
“Já com relação às práticas de gestão, o quadro não avançou como deveria. Isso pode significar que boa parte do otimismo apontado pelas empresas pode não ser aproveitado. De modo geral, apesar de sabermos que uma parcela das agências está investindo bastante no aprimoramento de sua gestão, a maioria precisa investir em modelos de gestão que façam as pessoas darem o seu melhor, com um engajamento genuíno”, opina Queiroz.
Ele acredita que as práticas mais ousadas e articuladas com a inovação empresarial são fundamentais para o futuro das agências, que, em sua avaliação, precisam, agora, focar na transformação de seus negócios e modelos de gestão.
“Em um negócio que está vivendo uma intensa transformação, é imprescindível a priorização e adoção de práticas que levem as empresas a atualizarem e fortalecerem os seus modelos de negócio e de operação. Obviamente, a grave crise causada pela pandemia do Covid-19 comprometeu recursos e fez várias empresas funcionarem em “modo de emergência”. Mas os próprios resultados positivos e o otimismo com relação ao futuro apontam que essas práticas já podem ser fortalecidas nas agências brasileiras”, pondera o presidente da Fenapro. “Justamente por conta destas demandas e desafios, já identificados nas discussões estratégicas da Fenapro e referendadas por esta edição da VanPro, lançaremos a segunda edição do Paper Transforma, que traz recomendações práticas para a atualização e inovação do modelo de gestão das agências”, adianta Queiroz.
Adequação à LGPD
A pesquisa VanPro também detectou que 62% das agências afirmam não estarem totalmente preparadas para a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com 47% se avaliando parcialmente preparadas e 15% se considerando não preparadas.
Perfil das agências entrevistadas
O perfil predominante dos participantes da sondagem VanPro é similar ao das sondagens anteriores. A maioria dos respondentes foi de agências full-service (97%), com equipes de até 20 pessoas (56%). A maioria das empresas tem mais de 20 anos de existência (42%) ou entre 11 e 20 anos (32%). E 91% são associadas ao Sinapro de seu estado, e 79% certificadas pelo CENP.
Já a receita anual das empresas participantes desta pesquisa VanPro representa bem o que é, na prática, o mercado nacional de agências. A maior frequência é de até R$ 1 milhão, representando cerca de 36% das agências. Aproximadamente 30% do conjunto dos participantes da sondagem tem receita anual entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões: 9% entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, e 12% têm receita de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões. As empresas com receita anual superior a R$ 10 milhões também representaram 13% dos respondentes.