O valor do nosso trabalho

(Crédito: Reprodução)

Não sou palestrante. Sou apenas e tão somente um conversador ou contador de histórias. Há tempos fui convidado por uma faculdade de uma importante cidade do interior para falar sobre o valor da propaganda a um grupo de quase 100 jovens estudantes,  professores, alguns empresários (anunciantes diretos)  e dois diretores de e veículos da cidade e região.

Já durante as  apresentações, percebi que entre eles havia um grupo de oito ou dez pessoas que claramente não acreditavam no trabalho de agência  e se dispunham a contestar o valor de nossa atividade, com base no besteirol e em toda a imbecilidade que se fala por aí em torno de uma  suposta culpa da propaganda por vícios como fumo, bebida, drogas  e até  pela geração de fake  news  que tantos males vem provocando em alguma esferas, como a politica por exemplo. E como se não bastasse, essas pessoas diziam que a propaganda era um dos insumos mais caros que uma empresa poderia contratar para o seu trabalho de informar o publico consumidor.

É claro que resolvi aceitar a provocação.

Entendi aquilo como uma boa oportunidade  de fazer uma defesa mais enfática da nossa atividade e foi  uma das melhores chances  que já tive de falar sobre os valores éticos, morais  e profissionais da propaganda  como fonte geradora de progresso, formadora de profissionais de publicidade, relações públicas,  designe, artes gráficas e criadora de uma rede de meios de comunicação,  da mais alta qualidade em rádio, televisão, mídia impressa, out door, indústria gráfica etc. etc.  e etcetera .

Falamos bastante sobre a história da propaganda e, como em todo o mundo, particularmente no Brasil, esta atividade prestou uma grande colaboração para ensinar muita gente a tomar banho com sabonete, escovar os dentes com creme dental, a usar os eletro domésticos e ainda continua ensinando  a usar tudo o que a  inteligência humana é capaz de desenvolver.

Na conversa com aquele público tão heterogêno e de idades diferentes, fizemos alguns testes de memorização de marcas e seus slogans, exatamente para desmascarar a informação de que  propaganda é um insumo dispensável e muito caro  e não teve quem não lembrasse de criações geniais como ” O primeiro sutiã…” Pirelli é mais pneu…”Café Seleto…” Xerox…” Atlantic – quem não é maior, tem que ser o melhor…” Melhoral… “Cobertores Parahyba…” Maizena, Hipoglós, Brahma, Antarctica e muitos outros. Isso tudo gerou uma boa discussão em torno da criatividade e talento do publicitário  brasileiro. Valeu a pena.

Mas o ponto alto da conversa  foi quando perguntamos se alguém lembrava do slogan da Bayer e todos, sem exceção, responderam numa só voz:

“Se é Bayer é bom…”

E aí foi fácil provar que a propaganda resiste ao tempo e ao vento e é o insumo mais eficaz e mais barato que existe. Se é Bayer é bom, foi criado por um poeta e publicitário, Bastos Tigre em 1923, a Bayer deve ter pago uns  trocados ou mesmo nada e muito habilmente, está usando até hoje.

Mas uma verdade que não  podemos esconder é que temos que continuar defendendo  nossos valores éticos, morais e profissionais como já fazíamos há mais 60 anos.

Este é o nosso principal compromisso profissional.

Humberto Mendes                                                                                                    VP Executivo Fenapro

A crônica acima  foi publicada  em meu livro Crônicas de Propaganda (segunda  edição revista, atualizada e felizmente esgotada)

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