Representatividade no mercado entra em pauta no Dia da Mulher

Acerimônia do 90º Academy Awards, o Oscar – realizada nesse domindo, 4 – além de ter sido palco para debates sobre assédio sexual encorajados pelos movimentos “Time’s Up” e “Me Too”, também tocou na questão da igualdade de gênero nos cargos da indústria do cinema. Greta Gerwig, por exemplo, foi apenas 5ª mulher na história da premiação a ser indicada à melhor diretora pelo filme Ladybird, que trata da relação entre mãe e filha.

Além do entretenimento, a representatividade está em pauta em diversos segmentos sociais. E hoje, 8, Dia Internacional da Mulher, empresas se movimentam para mostrar como anda a presença feminina em seus segmentos e discutir a importância do debate em tempos atuais.

Um exemplo dessa investida da comunicação foi a campanha da Isobar feita para a Azul Linhas Aéreas. Em um filme intitulado “Elas lá em cima”, a empresa aponta o baixo índice de mulheres pilotas no Brasil (apenas 2%) e propõe que a partir dessa data, em todos os voos pilotados por mulheres, a cabine da comandante será aberta para a visita de crianças entre os passageiros. “Queremos desmistificar a ideia criada no imaginário de crianças e adultos que, quando pensam em piloto de avião, associam automaticamente a profissão ao gênero masculino e inspirar inspirar as crianças para que, no futuro, mais meninas possam optar pela profissão e, assim, mudar realidade atual.”, afirma Claudia Fernandes, diretora de marketing e comunicação da empresa.


O protagonismo das mulheres também foi abordado pela Deezer e a Saraiva, ambas empresas voltadas à cultura. Nesta data, as duas vão destacar os talentos da música e literatura em seus canais digitais e pontos de venda. “É uma discussão que se inicia no campo civil e se estende para a cultura e entretenimento”, diz Yasmin Muller, editora de música da plataforma de streaming no Brasil. Nesta quinta-feira, 8, a Deezer atualizou sua home com playlits e sugestões de música por artistas mulheres (Mulherada Sertaneja, Grandes Cantoras Brasileiras, Pop feminino, MPB delas, Mulheres do Samba, Rap das Mina, entre outras) e fará vídeos com algumas dessas artistas contando que mulheres às inspiraram durante sua vida de cantora. A ação acontece em parceria com a ONG International Women’s Day e, por isso, toda a arte desenvolvida para a plataforma seguirão o padrão da instituição.

Canção “Vai Malandra”, de Anitta, é destaque na Deezer (Crédito: Reprodução)

Entre as músicas mais tocadas entre as ouvintes em fevereiro está “Vai malandra”, de Anitta, que além de se consolidar como mulher de negócios nos últimos anos, foi eleita Mulher do Ano de 2017 pelo Melhores do Ano, premiação da TV Globo transmitida durante o programa Domingão do Faustão. Apesar disso, as mulheres não se consolidaram como maioria entre as músicas e os artistas mais ouvidos pelas mulheres na plataforma. Além de Anitta, estão no Top 10: Marília Mendonça, Simone & Simaria e Maiara & Maraísa.

“Se você tem um posição formada só por homem, a mensagem é só uma. As mensagens se modificam com a diversidade”, afirma Yasmin Muller, editora de música da Deezer

“Vimos um crescimento muito grande das mulheres na música. Primeiro com o sertanejo, e agora no funk e o rap. Queremos apoiar as mulheres até elas representarem 50% de cada gênero. Na maioria deles, quem faz as músicas são homens. Tanto os cantores como os compositores. Enquanto isso acontecer só uma mensagem vai prevalecer”, conta Muller. Quem também vê cada vez mais representatividade no campo literário é a Saraiva. “Tanto em eventos importantes para o mercado como a Flip e nas publicações vemos a voz das mulheres ganhando espaço”, conta Thaiza Estevão, diretora de marketing da Saraiva.

A livraria realiza durante esta semana uma série de eventos com autoras em parceria com o Clube de Leitura Leia Mulheres e, no dia 8, oferece promoção de 50% de desconto em livros e artigos de papelaria adquiridos nas lojas físicas e no e-commerce por clientes cadastrados no site da promoção até esta quarta-feira, 7. A campanha “O Poder é Todo Delas” busca atender o público consumidor da Saraiva, que é majoritariamente feminino. Cerca de 55% são mulheres e elas compraram 58% mais livros em 2017 do que o público masculino. Segundo a executiva essa maioria também compõe os cargos da empresa. “A rede conta 52% do seu quadro de colaboradoras e grande parte já ocupa cargos de liderança”, aponta. No entanto, como reforça Estevão, a ação contempla aqueles que se identificam com o gênero e não nega o desconto para livros escritos por homens em prol do perfil democrático da empresa. Entre as autoras mais compradas em 2017 estão: R.J. Palacio (Extraordinário), Jojo Moyses (Como Eu Era Antes de Você), J.K. Rowling (saga Harry Potter), Rupi Kaur (Outros jeitos de usar a boca) e Rita Lee pela sua autobiografia.

 Agenda positiva
Além de tratar do protagonismo no mercado de trabalho, algumas das campanhas para o Dia da Mulher tiveram como objetivo atentar às dificuldades enfrentadas pelas mulheres no dia-a-dia e compartilhar histórias de mulheres desconhecidas e empoderadas.

A Buscofem, marca de remédio para cólicas menstruais do grupo Boehringer Ingelheim, deu continuidade a campanha “Minha dor importa” lançada no ano passado sobre os preconceitos enfrentados por algumas personagens quanto ao ser mulher. Desta vez, a marca encontrou em uma pesquisa realizada juntamente com o Sophia Mind sobre as consequências das cólicas menstruais uma forma de tentar combater a intolerância. Segundo a pesquisa, 92% das mulheres sofrem de cólicas severas e 79% delas já foram chamadas de exageradas por conta disso. A campanha, desenvolvida pela Cappuccino Digital, resultou em um vídeo manifesto com as vozes da cantora e compositora Larinu. “O Dia Internacional da Mulher é o dia em que os temas pertinentes ao universo feminino estão em maior evidência e há uma agenda mais positiva para que estes temas sejam discutidos e aprofundados”, complementa Fernando Martins, diretor de unidade de negócio de Buscofem no Brasil.


A campanha das Lojas Leader traz as histórias de cinco mulheres consumidoras da marca e sua trajetória de empoderamento. Apesar da data ser motivo para campanhas acerca do tema, Alberto Pirro, head de marketing da Leader, diz que o respeito pela causa deve permear durante o ano todo. “Trata-se de uma causa em que toda a sociedade deve cumprir sua parte, e não de uma decisão de marketing. Deve haver respeito pela luta e consistência no trabalho nos outros 364 dias”. No dia 8 a marca disponibilizará um vídeo com tais depoimentos nas redes sociais.

A marca Seven Boys, que acumula 64 de atuação na fabricação de pães, em ação especial para a data, mudou sua comunicação toda com o consumidor dando continuidade ao posicionamento permanente “Com todo mundo junto é mais divertido”, que incentiva a diversidade em suas mais variadas formas. Durante a semana, a marca atenderá pelo nome Seven Girl e seu logo agora representa uma menina. O slogan também foi alterado de “A criança dentro de você” para “A menina dentro de você”.

(Crédito: Reprodução)

Em Meio & Mensagem

Por Thaís Monteiro

COMPARTILHAR