“A Voz do Brasil” abre horário nobre para a publicidade

(Crédito: Reprodução)

Após cinco anos de tramitação no Congresso, o projeto de lei que flexibiliza o horário de transmissão do programa A Voz do Brasil nas rádios foi sancionado pelo presidente Michel Temer nesta quarta-feira (4). A partir de agora a atração poderá ser veiculada no intervalo das 19h às 22h e não mais apenas das 19h às 20h.

No ar há mais de 80 anos, de segunda a sexta-feira (exceto feriados), o programa tem transmissão obrigatória pelas emissoras, mas a flexibilização do horário permite que as rádios trabalhem melhor seu planejamento de mídia e de conteúdo, sobretudo, no horário nobre. Dessa maneira, não perdem espaço publicitário no chamado “prime time”, podendo deslocar a atração com notícias sobre políticas públicas para mais tarde.

Para Paulo Santana, presidente do Grupo de Mídia, a aprovação da lei é uma conquista para todo o mercado, sobretudo, para o ouvinte, que passará a contar com informações e serviços sobre trânsito e clima justamente no horário de maior deslocamento. A concentração da audiência no horário, consequentemente, atrairá os anunciantes.

“A flexibilização é um avanço para as emissoras e mercado publicitário. A partir de agora, as rádios terão mais tempo para organizar sua programação, inclusive, na prestação de serviço para a comunidade”, destacou o executivo. “O período das 19h às 20h, horário que antes era transmitido o programa, é muito importante, principalmente nos grandes centros. O rádio funciona muito bem com seus boletins de trânsito e clima, alertando quanto a alagamentos, chuvas etc. Esse conteúdo é muito mais útil para o ouvinte do que o programa”, argumentou.

José Cruz/ Agência Brasil

Durante coletiva de imprensa nesta quarta, Temer lembrou que o programa foi criado à época do Estado Novo e que hoje a realidade do acesso à informação é outra. “A imprensa livre no nosso país é uma coisa fundamental. A Voz do Brasil é importantíssima, mas não poderíamos impedir que as emissoras de rádio tivessem a liberdade de localizar no melhor horário, dentro daquilo que foi definido”.

Segundo Paulo Tonet, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a flexibilização representa um avanço à medida que dá à população o direito de escolher em que horário prefere ouvir o programa. “A partir de agora, esse direito será exercido de fato. Flexibilizar A Voz do Brasil é também dar às rádios a chance de conquistar mais ouvintes e anunciantes”, disse durante a cerimônia.

Apesar das mudanças, as emissoras ficam responsáveis por alertar os ouvintes em qual horário será veiculado o programa. Vale lembrar também que para as emissoras educativas a lei anterior se mantém, ou seja, o horário não será flexibilizado.

Mais do que a flexibilização, Santana defende a ideia de que esse seja apenas o primeiro passo para que o programa seja extinto. Reconhecendo o papel da atração de informar a população sobre as atividades da Câmara e Senado, o executivo destaca que o conteúdo hoje pode ser encontrado em inúmeras plataformas e não deveria ser restrita ao rádio.

“Vale repensar a transmissão obrigatória de ‘A Voz do Brasil’. Quando ele foi criado, era a principal fonte de informação sobre o que acontecia. Mas hoje, o Senado e Câmara têm inclusive seus próprios canais de TV com transmissões ao vivo. A flexibilização é um avanço, mas acho que cabe uma flexibilização ainda maior. Ou a própria extinção do programa”.

Em PROPMARK

Por Danúbia Paraízo.

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